PRAIA DOS NATIVOS E FESTA DE SÃO BRÁS | TRANCOSO | PORTO SEGURO | BAHIA | BRASIL

A Festa de São Brás é realizada há mais de 300 anos em Trancoso, na Bahia, que era inicialmente uma aldeia jesuíta. Sua origem está vinculada às missões jesuíticas que catequizaram os povos indígenas e introduziram a devoção a santos católicos, como São Brás. A celebração combina catolicismo popular, ritos indígenas e práticas afro-brasileiras, perceptíveis nos símbolos, músicas e elementos rituais, como os mastros, tambores e a tradicional Dança do Marimbondo.

A festividade acontece no Quadrado de Trancoso, um espaço histórico e sagrado para a comunidade, onde está localizada a Igreja de São João Batista, construída pelos jesuítas. Ao longo do tempo, a festa incorporou aspectos das culturas africana e indígena, resultando em um sincretismo rico e único. Ao longo dos séculos, a festa passou por várias transformações, principalmente com a chegada do turismo na década de 1970. Antes restrita à comunidade local, hoje ela atrai visitantes de diferentes partes do Brasil e do mundo. Apesar das influências externas, os moradores de Trancoso têm resistido à descaracterização da celebração, preservando rituais essenciais como a busca do mastro, o Samba de Couro e a bênção das gargantas.

São Brás, que viveu no século III e foi bispo de Sebaste, ficou conhecido por suas curas milagrosas, especialmente relacionadas a problemas de garganta. Médico de formação, ele morreu decapitado em 316 d.C., durante a perseguição aos cristãos no Império Romano. A tradição da bênção das gargantas tem origem em um milagre atribuído ao santo, quando ele salvou um menino que estava sufocando com uma espinha de peixe presa na garganta. Os festeiros, moradores antigos e respeitados, são selecionados para organizar a festa. Responsáveis pela coordenação das atividades, eles arrecadam recursos, mobilizam voluntários e garantem que cada detalhe seja planejado cuidadosamente. Os três dias que antecedem a festa são dedicados a orações, missas e rezas em homenagem a São Brás, como preparação espiritual para a celebração principal.

A festa começa na noite de 2 de fevereiro, com o Samba de Couro, onde moradores e visitantes dançam e cantam ao som de tambores que evocam ritmos africanos e indígenas. Após o Samba de Couro, à meia-noite, têm início os shows musicais, que se estendem até o amanhecer. No dia 3 de fevereiro, às 5 horas da manhã, acontece a busca do mastro, um dos eventos mais emblemáticos. Em procissão ao som do Samba de Couro, os participantes entram na mata para cortar a árvore que será utilizada no ritual da tarde. A árvore escolhida simboliza a conexão entre a terra e o céu e, após ser derrubada, o tronco é levado em cortejo até o artista local Valquito Lima, que, seguindo os passos de seu avô Licínio Alves, pinta os mastros usados nas festividades. As cores e os símbolos retratados representam promessas e histórias dos festeiros.

Ao meio-dia, todos se reúnem no Quadrado, em frente à “Casa das Festas Tradicionais do Povo de Trancoso”, uma fundação que desempenha um papel central nas celebrações. Nesse momento, é servido gratuitamente um almoço comunitário, cujas refeições são preparadas pelos próprios moradores, fortalecendo os laços da comunidade. Às 16 horas ocorre a missa principal, seguida de uma procissão pelo Quadrado Histórico. Os fiéis carregam imagens de São Brás e velas, pedindo proteção contra doenças. Após a procissão, chega o momento mais esperado: o mastro já pintado e decorado com fitas e bandeiras votivas é erguido em frente à igreja. Durante a subida, há queima de fogos e cânticos tradicionais. O mastro simboliza a força espiritual e a continuidade da tradição. O último rito da festa é a Dança do Marimbondo, uma performance folclórica que celebra a união entre a natureza e os homens.

A Festa de São Brás transcende o caráter religioso, representando a identidade cultural e a memória coletiva de Trancoso. Por meio de seus rituais, músicas, danças e símbolos, a celebração mantém viva uma tradição secular. É um espaço de resistência cultural, onde a comunidade reafirma suas raízes frente às transformações turísticas e urbanísticas que impactam a região. Ao preservar o mastro, o Samba de Couro e os festeiros, os moradores de Trancoso não apenas reverenciam São Brás, mas também perpetuam sua própria história e identidade.

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